Literatura Internacional/ 416 páginas/ Editora: Companhia das Letras
“Guerra é paz
Liberdade é escravidão
Ignorância é força.”
” Ao futuro ou ao passado, a um tempo em que o pensamento seja livre, em que os homens sejam diferentes uns dos outros, em que não vivam sós – a um tempo em que a verdade exista e em que o que for feito não possa ser desfeito.”
1984.George Orwell. Não sei como começar essa resenha. Gostaria que minhas palavras pudesse captar no mínimo, o reflexo dessa grande obra. São tantas observações a serem feitas, tantos levantamentos que, se não organizar as ideias poderei escrever uma dissertação sem limite de linhas. Mas, diante desse protela, creio que agora me sinto mais à vontade para contar o nosso enredo!
Você já imaginou viver em um mundo onde tudo o que você faz, o que você pensa, o que você fala e até o que você sonha, é monitorado? Não gostou da ideia? Sinto em informar, mas sua resposta negativa a essa pergunta indica um indício de pensamento-crime e você poderá ser agora mesmo capturado pela polícia das ideias e ser levado ao ministério do amor, onde será torturado, recondicionado e depois morto. Desculpem pelo balde de água fria, mas não encontrei metáforas ou eufemismos para descrever a real situação do nosso personagem, Winston Smith.
No entanto, alguns talvez pensem: “nós já vivemos em um mundo assim, os governos sabem de tudo sobre a vida de seus cidadãos e outros até de pessoas mais influentes como os políticos, não foi essa a acusação de Edward Snowden, sobre espionagem?” Embora que nos nossos dias, com o avanço das tecnologias, terrorismos e todos os “ismos”, os governos e agências de segurança investem mais no protecionismo nacional e isso às vezes interfere ou burla alguns direitos das pessoas. Mas na época de Orwell, isso não era muito evidente, na verdade, a história em 1984 serve como alerta para todos nós. Que alerta é esse?
A sociedade a qual Winston vivia era estritamente controlada pelo governo, ou melhor, o Partido. A liderança mor desse partido era o chamado “Grande Irmão”. O problema é que ninguém nunca o viu, mas ele via todo mundo. Como? Em todas as casas, bares, restaurantes, empresas haviam teletelas. Elas nunca desligavam e ao mesmo tempo que davam informações sobre os conflitos territoriais, propostas do partido e sessões de ódio aos repressores políticos, ouvia e observava todas as pessoas.
O mundo em 1984 é dividido em três blocos de nações: a Oceania( onde Winston morava), a Lestásia e a Eurásia. No livro ele explica melhor quais países faziam parte dessas três potências. A vida autoritária, controladora e manipulada, era igual em todas, pelo menos é o que Winston nos revela. As pessoas não podiam sair de suas cidades, deveriam respeitar os horários, principalmente os de recolhimento e qualquer atitude que fosse considerada suspeita, seria passível de morte.
O Grande Irmão( Big Brother) tinha cartazes espalhados por toda a cidade. Os membros do partido levavam uma vida relativamente boa, pois tinham regalias e algumas prerrogativas oferecidas somente a eles. Mas assim, todo mundo era obediente ao governo? Bom, nem todos. O livro fala sempre de algumas ovelhas desgarradas que eram capturadas pela polícia das ideias e levadas para uma execução em praça pública. As demais pessoas eram motivadas pelo Partido a gostar de ver a tortura e a morte de pessoas contra o Grande Irmão. Eles chamam de “Os dois minutos de ódio”, destinado todo dia para total repugnância aos inimigos do Partido.
Maridos, esposas, pais ou filhos, membros da sua própria família poderiam te denunciar a polícia das ideias. As pessoas eram frias, sem sentimentos, apenas condicionadas ao que o Partido queria delas. Winston porém, era diferente. Assim, encontrou uma pessoa que também pensava, que ainda lembrava o que era ser humano. Era uma mulher do departamento de ficção( claro, até a diversão deveria ser monitorada pelo Grande Irmão), chamada Júlia.
Juntos tentam fazer com que aquela opressão diminua e que os Proletas( pessoas pobres sem expectativas de vida) tomassem a liderança na luta contra o Partido. E eles com certeza venceriam. Então porquê não o faziam? Ora essa! Porque eram ignorantes, não tinham nenhuma instrução e nada melhor para quem tem poder é contar com a falta de autoanálise das pessoas sobre o que está acontecendo a sua volta.
Assim, Winston e Júlia se juntam a uma organização secreta que também é contra o Partido. Será que eles conseguirão derrubar o Grande Irmão? Quanto vale a sua liberdade? Você sabe realmente de que lado está lutando e porquê luta? Quais os seus ideais? Você tem dúvida? Cuidado! O Grande Irmão está de olho em você, pois quem não pensa em nada, pode facilmente ser levado a pensar o que querem. Então, boa leitura e não esqueçam: há sempre um jeito de lutar, não permita que o calem.